A recém lançada Deliberação 19 do Conselho Municipal de Educação tem colocado muita lenha numa antiga discussão que vinha sendo travada desde a antiga Deliberação 14. Só pra esclarecer, em linhas gerais, qualquer aluno da rede pública de Cabo Frio que tiver sido reprovado, e não concordar com a reprovação, pode entrar com processo junto à Secretaria Municipal de Educação pedindo um Conselho de Classe extraordinário com os professores de todas as disciplinas e, se mesmo assim for reprovado, pode apelar ainda para o próprio CME. Como professor, esse é um assunto que me atinge diretamente, por isso mesmo, eu não poderia deixar de comentar.
Quer dizer então que um profissional que passou anos da vida estudando e que, pelo menos em tese, continua estudando e se especializando, esse mesmo profissional que passou em um consurso público que atesta que ele é apto para exercer as funções exigidas pela profissão - inclusive a avaliação - não tem competência para avaliar o nível de aprendizagem do educando para saber se ele está apto a avançar para a próxima série?
É o professor que vive o dia-a-dia dos alunos em sala. Se ele não pode avaliar esse aluno, quem poderá, então, fazer esa avaliação? A família do aluno? O CME? A SEME?
Obviamente, não contra a revisão de algumas reprovações em que houve falta de professores durante um grande período do ano letivo, ou outras questões de saúde por parte dos alunos. Agora, considerar inválida uma avaliação de todo o corpo docente reunido em Conselho de Classe )porque é isso o que acontece com qualquer aluno nos COCs, cada caso discutido por todos os professores) é uma afirmação no mínimo irresponsável. Mas se antes (Deliberação 14) o professor que "reprovou" o aluno era convocadoisoladamente e praticamente pressionado a reverter situação, agora (Deliberação 19), pelo menos, todos os docentes são convocados para "rever" a questão.
Isso tudo representa nada mais do que a falência do sistema educacional e a pressão para a aprovação quase que automática dos alunos da rede, mesmo porque, a preocupação não é, em última análise, que os educandos atinjam bons níveis de instrução para conseguirem acesso às Universidades e cursos públicos. Estes são tidos como verdadeiros patrimônios das nossas elites (mas esse é um outro debate).
Essas ações, na humilde opinião deste que vos fala, servem para estabelecer a mediocridade no ensino público, a fim de garantir o domínio se,pre dos mesmos grupos. Mas isso não cabe a nós professores avaliarmos, afinal de contas, somos todos incompetentes...
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